Filhas de santo denunciam ataques de intolerância religiosa e homofobia dentro do Hospital Maranhense

Filhas de santo denunciam ataques de intolerância religiosa e homofobia no Hospital Maranhense


São Luís, MA – Um episódio de intolerância religiosa e homofobia marcou a madrugada desta sexta-feira, 1º de agosto, nas dependências do Hospital Maranhense, em São Luís. Ananda Arouche e sua companheira, Isabella Barros, filhas de santo do terreiro Ilê Asé Yemowá Abê, relataram ter sido alvo de agressões verbais por parte de outro casal que também aguardava atendimento no local. O caso foi exposto em notas de repúdio e solidariedade publicadas por entidades ligadas às religiões de matriz africana.

De acordo com uma "Nota de Repúdio" divulgada pelo perfil @terreiro.deiemanja em uma rede social, o ataque ocorreu em um ambiente que deveria garantir "plenitude, conforto e acolhimento". As vítimas, que buscavam assistência médica, foram confrontadas por um casal que, segundo a nota, se declarou protestante. Os agressores teriam proferido ofensas, "questionando seu axé e definindo as mesmas com adjetivos pejorativos".

A publicação afirma ainda que houve omissão por parte da unidade de saúde. "O Hospital não interviu e até o momento não pronunciou-se quanto ao ataque disseminado", destaca o texto, que classifica o ato como "homofóbico e intolerante".

Entidades Exigem Providências

A denúncia ganhou força com a manifestação da Diretoria Nacional das Mulheres de Axé do Brasil e da Coordenação do Núcleo Maranhão. Em uma "Nota de Solidariedade e Exigência de Providências", a organização classificou o ocorrido como uma "grave violação dos direitos humanos", enquadrando as agressões como racismo religioso, racismo racial e lesbofobia.

A nota ressalta que o ataque é mais um reflexo da violência direcionada "às tradições de matriz africana e às suas filhas e filhos, especialmente quando são também mulheres negras e LGBTQIAPN+".

Diante da gravidade dos fatos, a entidade exige uma ação imediata do Governo do Estado do Maranhão, cobrando que as secretarias de Segurança Pública, Igualdade Racial, Mulher e Direitos Humanos tomem as medidas cabíveis para a identificação e punição exemplar dos agressores, conforme a legislação brasileira.

"O racismo religioso é crime. O racismo é crime. Lesbofobia é crime. Todos esses atos devem ser tratados com a seriedade e a urgência que a Constituição Federal determina", afirma a nota das Mulheres de Axé do Brasil. O comunicado termina com um forte apelo por justiça: "Não aceitaremos o silêncio. Exigimos resposta. Exigimos justiça".

Até o fechamento desta matéria, o Hospital Maranhense não havia emitido um comunicado oficial sobre o incidente. O caso expõe a contínua vulnerabilidade de membros de povos de terreiro e da comunidade LGBTQIAPN+ à discriminação, mesmo em espaços que deveriam ser de cuidado e segurança.